Sinceramente não sei como é que a malta dos blogues, facebook e afins conseguem estarem sempre a postar.
Dizem que trabalham muito, têm uma vida muita agitada, com cães, filhos, maridos, talvez até amantes, mas mesmo assim ainda têm tempo para estarem sempre on-line a postar ou a comentar os post dos outros. Abençoados empregos que lhes permitem estas escapadelas.
Sinceramente não sei como conseguem, ou as suas vidas são desprovidas de VIDA, de relacionamento interpessoal ou o dia desta gente têm 48 horas.
Eu não consigo o meu trabalho toma muito do meu tempo, a minha realidade profissional é tão dura, ultimamente tenho-me deparo com o pior da espécie humana e claro depois quando chego a casa nem sempre tenho ânimo e energia para postar seja o que for.
Enquanto trabalho é impossível estar on-line! Impossível a todos os níveis, às vezes sinto-me uma verdadeira bombeira naquela escola, constantemente a apagar fogos, ou a neutralizar pequenas bombas prontas a rebentar a qualquer momento.
Por vezes sinto que esta profissão é dura demais para mim, que não tenho estofo emocional para lidar com a dor dos outros, mas quanto mais consciência tenho disto, mais força ganho. A minha vontade de ajudar aqueles jovens transforma-me numa guerreira, numa leoa, mas quando estou com os meus esta garra desaparece e volto a ser menina...
Adoro trabalhar com os meus meninos com deficiência, são sempre tão puros, mesmo os meus autistas que por vezes são agressivos, mas depois de um abracinho acalmam, é tão refrescante ver a sua evolução, trabalhar com eles enche-me sempre o coração.
Mas são os outros os que mais me preocupam, são os que mais tomam o meu tempo, é neles que penso no caminho para casa, é o futuro deles que mais me preocupa.
São tantas as historias que teria para vos contar, tantas histórias tão feias, histórias reais que estão em todo lado, histórias que preferia não saber, mas que a minha profissão me obriga a ouvir, a absorver e dirigir, tanta violência, tanta droga, tantos assaltos, tantas automutilações, tanta merda que se vive nas nossas escolas...
Hoje sinto-me sem esperança neste país que só pensa nos seus próprios interesses e que deixa uma geração de jovens sem futuro.
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