domingo, 12 de abril de 2015

Mergulhada em livros

Eu adorava ler ou melhor dizendo tinha a ilusão que adorava.

E lia tudo, devorava, lia até o que não gostava, pode parecer ridículo mas tinha pena do autor. Punha-me a pensar: "coitadinho pode ser que melhore" e fazia o sacrifício de ler mais umas paginas, quando era muito mau, intercalava com outro livro. Tinha a ilusão parola que era falta de respeito não ler um livro. Estupidamente pensava ainda que os livros com menos de 100pag não eram bons, se o autor escreveu pouco é porque era fraquinho. Até tenho vergonha de um dia ter pensado assim!
Faz-me lembrar aquelas mulheres pirosas que ao fingirem ser chiques ficam ridículas e agora que penso nisso vejo que eu era assim, queria ser culta à força, como se a cultura se medisse pela quantidade de livros que se lê...

Felizmente cresci e aprendi a selecionar, a ler apenas o que me dá prazer, a ler devagar, devagarinho saboreando cada palavra. Descobrir verdadeiras relíquias em livros com menos de 100pag.
Voltei a ler livros para crianças (o ultimo foi o belíssimo "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde) e é tão bom ler um bom conto!
Apaixonei-me pela poesia! Voltei a ler a "Aparição" de Vergílio Ferreira e após esta toda a sua obra, e a recusar terminantemente reler os "Maias".  

Continuo um pouco pirosa e todos os anos compro o nobel, este ano não foi exceção e li "Dora Bruder", de Patrick Modiano.

Gosto de autores que me deixam a pensar, a ruminar em assuntos desconcertante.

Hoje sei que não adoro ler, descobri sim que adoro pensar!

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