terça-feira, 31 de março de 2015

Porque as palavras de um Gênio dizem-nos sempre tanto..

Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
Aquele homem mal vestido, pedinte por profissão que se
(lhe vê na cara,
Que simpatiza comigo e eu simpatizo com ele;
E reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe
(tudo quanto tinha.
(Excepto, naturalmente, o que estava na algibeira onde
(trago mais dinheiro:
Não sou parvo nem romancista russo, aplicado,
E romantismo, sim, mas devagar...).
 
Sinto uma simpatia por essa gente toda,
Sobretudo quando não merece simpatia.
Sim, eu sou também vadio e pedinte,
E sou-o  também por minha culpa.
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte:
É estar ao lado da escala social,
É não ser adaptável às normas da vida,
às normas reais ou sentimentais da vida -
Não ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta,
Não ser pobre a valer, operário explorado,
Não ser doente de uma doença incurável,
No ser sedento da justiça ou capitão de cavalaria,
Não ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas
Que se fartam de letras porque têm razão para chorar
(lagrimas,
E se revoltam contra a vida social porque têm razão para
(isso supor.
Não: tudo menos ter razão!
Tudo menos importar-me com a humanidade!
Tudo menos ceder ao humanitarismo!
De que serve uma sensação se há uma razão exterior para ela?
 
Sim ser vadio e pedinte, como eu sou,
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente:
É ser isolado na alma, e isso é ser vadio,
É ter pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que
(é ser pedinte. 
Tudo mais é estúpido como Dostoiewski ou um Gorki.
Tudo mais é ter fome ou não ter que vestir.
E, mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente,
Que nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece.
Sou vadio e pedinte a valer, isto é no sentido translato,
E estou-me rebolando numa grande caridade de mim.
 
Coitado do Álvaro de Campos!
Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!
Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!
Coitado dele, que com lágrimas (autênticas) nos olhos,
Deu hoje, num gesto largo, liberal e moscovita,
Tudo quanto tinha, na algibeira em que tinha pouco, àquele
Pobre que não era pobre, que tinha olhos tristes por
(profissão.
 
Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém
(se importa!
Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!
 
E, sim, coitado dele!
Mais coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam,
Que são pedintes e pedem.
Porque a alma humana é um abismo.
 
Eu é que sei. Coitado dele!
 
Que bom poder-me revoltar num comício dentro da minha alma!
 
Mas até nem parvo sou!
Nem tenho defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa, defesa nenhuma, sou lúcido.
 
Não me queiram converter a convicção: sou lúcido.
Já disse: sou lucido.
Nada de estéticas com coração: sou lucido.
Merda! Sou lúcido.
 
 
Álvaro de Campos (FP)
 



sábado, 28 de março de 2015

Porque se cria um Blog?

Após ler os primeiros posts de vários blogs, chego à conclusão, que a verdadeira razão pela qual se cria um Blog é a Solidão!
No inicio um Blogger sente sempre um vazio que os impelem a comunicar com outros, a dar cor à sua vida cinzenta.
Depois claro! Criam-se grupos de amizades virtuais, vem a caça às visualizações e com isso a publicidade, etc, etc.
Mas a origem o cerne da questão está, nessa malvada que quando menos esperamos nos assalta a vida.
E é talvez por isso que existam cada vez mais blogues. Cada vez as pessoas se sentem mais sozinhas, mesmo quando vivem rodeadas de outras pessoas! Talvez a solidão explique a necessidade que temos de comunicar de dizer ao mundo o que comemos ou o que fazemos...

Depois quando a vida se volta a encher, quando a solidão nos abandona ficamos sem assunto para postar...

terça-feira, 24 de março de 2015

Herberto Helder

Faleceu hoje Herberto Helder, infelizmente foi através da sua morte que conheci a sua obra. Senti-me tão inculta, como é que da extensa lista de poetas portugueses que tenho, em nenhuma delas conste Herberto.
Provavelmente ainda não tenho maturidade intelectual suficiente para conseguir dissecar os seus poemas e sorver deles toda a sua sabedoria.

Mas este que vos deixo, é simples e forte como gosto:

Um poema cresce inseguramente
Na confusão da carne
Sobe ainda sem palavras
Só ferocidade e gosto,
Talvez como sangue ou sombra de sangue
pelos canais do ser.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Será que sou eu que estou a ver mal

Ou a Vany é muito mazinha a apresentar?!?
Eu sinto muito pensar isto, a miuda até é gira, tem olhos azuis e tudo, e tem ar de ser boa pessoa, mas está a apresentar como se estivesse em casa, com um grupo de amigos!
Fala alto, não pronúncia corretamente o português, trata os convidados por tu, não está por dentro dos assuntos, repete constantemente: "maravilhoso!"....
Eu percebo que tudo seja maravilhoso, afinal de contas está a apresentar um programa diário, ao lado de um mestre da comunicação.
Mas ela não se pode comparar, ele não precisa preparar as entrevistas porque tem uma cultura vastíssima é uma experiência de anos, mas ela deveria ser "mais profissional", ter uma postura mais jornalística, estudar bem os convidados, parece que ali tudo gira à volta do improviso e a Vany ainda não tem, nem cultura, nem experiência suficiente para improvisar!
Deveria ter aulas de dicção e estudar muuuuuuuuuito bem os convidados para fazer perguntas devidamente estruturadas e já agora por um travão no colega e não lhe permitir determinadas liberdades, que a ele fica bem, mas a ela só a transformam numa bonequinha gira e b.
Sorry, não gosto nada de ter uma opinião assim tão negativa, mas sinceramente é o que sinto quando vejo o programa.



sábado, 21 de março de 2015

Dia Mundial da Poesia

Poderia escolher um poema, dos muitos poemas do mestre Fernando Pessoa, mas não! Optei por este, porque foste tu que mo leste, porque o meu sorriso voltou a brilhar e iluminar os que me rodeiam. E é assim que os bons malandros nos conseguem dar a volta...

O teu Riso

Tira-me o pão, se quiseres,
Tira-me o ar, mas
Não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
 a flor da espiga que desfias,
A água que de súbito 
Jorra na tua alegria, a repentina 
onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
Por vezes com os olhos cansados 
de terem visto a terra que não muda,
Mas quando o teu riso entra sobe o céu à minha procura
E abre-me todas as portas da vida.

(...)

Ri-te da noite,
do dia, da lua.
Ri-te das ruas curvas da ilha,
Ri-te deste rapaz desejeitado que te ama.
Mas quando abro os olhos e os fecho, 
Quando os meus passos se forem 
Quando os meus passos voltarem, 
Nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
Mas o teu riso nunca porque sem ele morreria.

Pablo Neruda



A Não Notícia


Quero lá saber da lista VIP isso não me choca em nada, acho bem os funcionários não andarem a ver as contas dos nossos ilustres Vips!
Dir-me-ão: -Mas Vips não somos todos nós?
-Não, não somos! Eu sou uma ilustre anonima, se forem ver as minhas contas será sempre no âmbito profissional, agora é natural que alguns destes funcionários mais "curiosos" possam ser tentados a cuscar as contas alheias e quem sabe depois vender esta informação a jornalistas.
Por isso para mim isto da lista  Vip é um não assunto...
O grave mesmo foi o nosso primeiro ter uma dívida à anos às finanças. Alegar que não sabia! LOL
Ter o descaramento de estar a limpar o bolso aos pobres com juros, taxas e taxinhas e ele coitadinho teve um surto de amnésia e o mais grave ninguém das finanças se lembrou de lhe mandar uma cartinha a relembrar ou ameaçar com a penhora de bens ou de parte do seu salário, como normalmente acontece com os comuns mortais.
Porque se eu passar por exemplo num pórtico e não pagar no prazo previsto, começo logo a receber cartas com valores exorbitantes e o nosso primeiro a dever às finanças uma quantia bastante significativa e nada aconteceu...



sexta-feira, 20 de março de 2015

E derrepente o chão desaba e engole tudo

Este título poderia ter uma conotação mais filosófica, todos nós já sentimos o chão desabar debaixo dos nossos pés.
Mas não! Neste caso foi/é bem real! 
Passo a narrar um episódio recentemente vivido pela senhora minha avó. 
Octogenária activa, como só ela, resolveu ir regar as laranjeiras, dirigiu-se ao poço (que está devidamente protegido com uma rede) liga o botão do motor e lá vai ela regar as abençoadas laranjeiras. Na volta e carregada de sacos com laranjas para dar à vizinha, filhos, netos e afins. Volta a dirigir-se ao poço e desliga o botão do motor. 
Nisto repara que tem meia dúzia de roupa suja para lavar, como o dia está bonito e ela hoje sente-se com se tivesse 30 anos, e como não vale a pena por a roupa na máquina, resolve ir lavar a roupinha no tanque, que se encontra ao lado do poço ( é um tanque muito grande com um belo telheiro, em pequena chegava a tomar lá banhos como se de uma piscina se trata-se ). 
Até aqui tudo bem, até porque a minha avó se sentia com 30 anos! Nisto aparece a vizinha (vinha buscar as laranjas está visto) foi ter com a minha avó que na altura estava já a estender a sua roupinha. Para finalizar os trabalhos dão uma espreitadela no poço e a vizinha diz: Que belo poço tem aqui, regou as laranjeiras todas e está quase cheio!
A minha avó que (repito) se sentia com 30 anos, disse: se calhar ainda vou regar o jardim!
Nisto acompanha a vizinha ao portão dá-lhe as abençoadas laranjas e dirige-se novamente ao poço para ligar no botão do motor e regar, desta vez o jardim...

Mas qual poço!!!!!!! Não havia poço!!!!!
O chão engoliu o poço! Todo!!!!!!
Simplesmente desapareceu!!!!!

Assustada a minha avó vai chamar a vizinha, quando lá chegam as duas, já nem o tanque existia...
Abriu-se uma cratera tal que engoli-o tudo....

Eu agradeço a Deus e a todos os Santos por não ter acontecido uma tragédia maior, é que nessa manhã a minha avó esteve sempre à volta do poço e nada, mas nada mesmo faria prever uma coisa destas.

Agora está lá uma máquina enorme a retirar o entulho daquela enorme cratera e toca a fazer um novo poço. 


quinta-feira, 12 de março de 2015

Por onde andaste tu, Minnie?

A fazer duas das poucas coisas que sei fazer bem...

ESTUDAR E TRABALHAR, Claro!
 
Mas desta fez numa das minhas cidades preferidas...