O teu Riso
Tira-me o pão, se quiseres,
Tira-me o ar, mas
Não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a flor da espiga que desfias,
A água que de súbito
Jorra na tua alegria, a repentina
onda de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
Por vezes com os olhos cansados
de terem visto a terra que não muda,
Mas quando o teu riso entra sobe o céu à minha procura
E abre-me todas as portas da vida.
(...)
Ri-te da noite,
do dia, da lua.
Ri-te das ruas curvas da ilha,
Ri-te deste rapaz desejeitado que te ama.
Mas quando abro os olhos e os fecho,
Quando os meus passos se forem
Quando os meus passos voltarem,
Nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
Mas o teu riso nunca porque sem ele morreria.
Pablo Neruda
Sem comentários:
Enviar um comentário